quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Um bom jornalismo


Uma forma diferente, e na minha opinião, a mais divertida de praticar o jornalismo é escrever sobre as pessoas. Pessoas comuns, com idéias simplistas ou sofisticadas, mas que de alguma maneira causam impacto em nosso pacato cotidiano. Campeão em soft news, o jornal New York Times resolveu compactuar suas melhores histórias curiosas sobre desconhecidos no livro Histórias do New York Times, organizado pela jornalista Lisa Belkin, que colabora com diversas reportagens.

A maioria das matérias é relacionada aos Estados Unidos, mas o Brasil conseguiu emplacar através do repórter Larry Rother (sim, aquele mesmo que causou polêmica ao chamar o presidente Lula de beberrão). Desta vez, o repórter noticiou a bizarra idéia do deputado Aldo Rebelo de erradicar as palavras ‘americanizadas’ do Brasil. Sim, teríamos que deletar as palavras fast-food, enter, notebook, mail, etc. dos nossos vocabulários. Se todos os problemas deste país fossem esse....

Entre outras reportagens, há de um garoto de cinco anos que, devido à insistência da irmãzinha de dois anos, resolveu tirar o carro da garagem e levá-la até à praia. Ou a galinha que surgiu no quintal de um dos repórteres do jornal e ganhou fama após pedido do mesmo de como cuidá-la e alimentá-la. Até que a ave desapareceu com a mesma discrição que surgiu.

A minha favorita conta a jornada de crianças no interior do Texas que enfrentavam quatro horas (ida e volta) de ônibus para ir à escola. Na comunidade pequena e pobre em que moravam, não havia escolas, portanto, precisavam vajar até a cidade que possuía um educandário, a cerca de 140 quilômetros. A história sensibilizou autoridades que, após repercussão, prometeram a construção de uma instituição para atender às crianças daquela região e elas, finalmente, teriam tempo para fazer os deveres e brincar.

Esta forma de escrever e de fazer jornalismo é importante hoje porque provoca uma reação de autoridades, sociedades e órgãos responsáveis pelos direitos e deveres de todos. Pode, muitas vezes, não funcionar, mas ao menos incentiva mais ações ou direciona atenções que antes não existiam. Algumas histórias do livro ainda recebem uma espécie de epílogo devido ao retorno de alguns repórteres aos personagens de origem. Vale a pena para descontrair ou apenas conhecer outras realidades.

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