segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Diversão na escola

Algumas escolas do nordeste dos Estados Unidos implantaram no início deste semestre – começo do ano escolar americano – disciplinas peculiares, pelo menos para nós brasileiros acostumados com português, matemática, física e química para o vestibular. Lá, os alunos de ensino médio tem a chance de descobrir novos interesses e afazeres para que os executem com – veja só – prazer.

 

As opções são diversas: aulas de marcenaria, laboratórios de criação em 3D, mandarim, economia global e até alguns assuntos mais, digamos, de nível superior, como marketing de esportes e entretenimento, investimentos e contabilidade.

 

A idéia, claro, é prepará-los para o mercado de trabalho e, principalmente, para a vida. Poético isso. Mas a verdade é que muitas vezes nos concentramos em estudar apenas as disciplinas que somos obrigados e nos esquecemos que estudar deve ser também divertido para que possamos encontrar interesses e aproveitá-los. O tempo na escola deveria ser assim, até porque quando estudamos passamos a metade do dia na escola.

 

Sei que estudei em instituições muito boas para o padrão brasileiro, mas lamento não ter tido a oportunidade de explorar mais meu lado científico ou criativo e descobrir novas habilidades que nem sei se tenho. Como uma boa educação é a base para tudo que se faz na vida, ter cidadãos mais preparados e realizados profissionalmente pode ser o que falta para um país mais dinâmico e preparado para crescer de maneira sustentável e organizada. 

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Paraíso mexicano

Algum seriado americano ou filme que tenha a Califórnia como cenário, já mostrou também Tijuana, México, como local de diversão dos personagens para beber, drogar-se e badalar. Na vida real, as conseqüências de tanta diversão tornaram a cidade mexicana violenta por causa do tráfico de drogas. Normal, aqui no Brasil também é assim certo? Mais ou menos. O esquema fica problemático quando 12 corpos torturados são encontrados em um terreno baldio ao lado de uma escola de Ensino Fundamental.


Reportagem do New York Times explica que o grupo líder do cartel de drogas, Arellano Félix, em Tijuana é comandado por Fernando Sánchez Arellano, também conhecido como o Engenheiro. A natureza deste ambiente de tráfico gera concorrência e, claro, outras gangues que procuram poder. Segundo a polícia, as mortes, todas de pessoas com menos de 30 anos, são um recado dos grupos rivais para o Engenheiro, já que os corpos estavam acompanhados de bilhetes que diziam: “Isso é o que acontece com todos que associados ao barulhento Engenheiro”.


E a melhor forma de chamar atenção é realmente dispensar os corpos em um local em que crianças entre 7 e 10 anos vão encontrá-los. O problema, diz um psicólogo da reportagem, é quando este tipo de ação torna-se um costume e as crianças aceitem a situação como normal, sem falar nos inúmeros questionamentos por causa do ocorrido.

Este tipo de ação é no mínimo covarde ao utilizar-se de crianças para chamar a atenção para uma rixa de gangues de marginais que sobrevivem da fraqueza e do vício de outro tipo de covardes, os viciados. O cenário mexicano só não é tão pior que o brasileiro porque a polícia ainda não invadiu morros e localidades matando crianças inocentes e dizendo: “é uma consequência por um bem maior”.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Cult

Este post é estritamente promocional. Mas vale a pena, pois divulgarei a melhor e mais bem escrita e elaborada revista deste país, a Piauí. Favorita entre acadêmicos de jornalismo e – alguns – jornalistas, o material é produzido por profissionais top, com temas inusitados sobre situações inimagináveis.

Destaco na edição deste mês a matéria de João Moreira Salles ‘O Caseiro’, sobre um trabalhador simples, com salário de R$370, que tirou o ex-ministro Antonio Palocci do poder. A reportagem, que levou um ano para ser apurada, detalha como CPIs são manipuladas e políticos mentem. Até aí nenhuma novidade, mas levanta insinuações, ações e mentiras em um momento em que o Brasil começou a duvidar – um pouco – do governo Lula. No final...ah, não vou contar.

Já descobri muitas coisas novas na revista, como a história dos pombos, a criação de curiós, o cotidiano de um gari e de um salva-vidas, o diário de Hunter Thompson - pai do jornalismo Gonzo, além de ler sobre a plantação e distribuição de maconha no Marrocos e Paquistão e o treinamento de Cesar Cielo nos Estados Unidos, meses antes da medalha olímpica.

Sem querer parecer muito Cult, adoro ler e aprecio textos recheados de bom conteúdo e que fluem sem confundir o leitor. Piauí deveria receber prêmios, ser entregue em escolas ou ainda chegar às mãos de Lula, só pra ver se ajuda um pouco....

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

"Quel crise?"

Neste final de semana, o grupo do G20 financeiro, liderado pelo nosso ministro da Fazenda, Guido Mantega, irá se reunir nos Estados Unidos para discutir a situação dos mercados em todo o mundo. Esta equipe, além do G7, inclui os países emergentes, como China, Índia, Argentina, México e ainda a Rússia, Indonésia e Arábia Saudita, entre outros.

Enquanto eles se descabelam para tentar resolver uma das grandes crises mundiais, o nosso querido presidente Lula anuncia por aí que os brasileiros poderão comprar à vontade para o Natal. Ainda que a data esteja um pouco distante, considerando-se que o mercado de ações reage diferentemente a cada dia, é impossível prever preços de commodities e facilidades de crédito até lá.

Ora, se variação do preço do dólar aquece ou esfria as principais economias emergentes, como o nosso lindo país não será afetado? Alguns especialistas andam dizendo que os mercados emergentes estão mais fortes sim e que, por enquanto, só as bolsas e as grandes empresas exportadoras e importadoras, como é o caso de algumas montadoras de carros que afirmaram que irão suspender produções na Europa e EUA, irão sofrer.

Até a Islândia andou se endividando, com um valor nove vezes maior que seu PIB, e pediu ajuda à Rússia. Por isso, o interessante é descobrir que países como o Brasil e a Índia passam quase ilesos em uma crise que prejudica potências – não me refiro à Islândia. Eu ainda não consigo entender por completo essa comoção. Investidores de todo o planeta estão apavorados com a situação, enquanto a população (e o Lula) fica em stand-by e vê nos noticiários as quedas diárias das bolsas e se pergunta: e o que eu tenho a ver com isso?

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Piratas africanos

Sou fã de histórias de pirata e dos filmes blockbusters da Disney, protagonizados por Johnny Depp, sobre o assunto. Mas na vida real, os piratas não parecem estar em busca de barcos fantasmas que lhe dêem imortalidade. Na última semana, piratas somali seqüestraram um cargueiro ucraniano lotado de armamentos. Segundo o líder deles, Sugule Ali, a ação foi um equívoco porque eles estavam apenas procurando dinheiro e comida e acabaram encontrando muitas armas.

Em entrevista por telefone ao New York Times, Ali disse que ao avistarem um grande navio resolveram entrar. O armamento dentro do cargueiro está avaliado em 30 milhões de dólares. Os piratas disseram que não irão negociar com insurgentes islâmicos, os quais “levam terror e caos à Somália”. Por enquanto, estão pedindo 20 milhões de dólares, mas que aceitam barganhar com um acordo. Eles ainda afirmam possuir dois ideais: impedir a pesca ilegal e manter o oceano limpo. “Estamos apenas vigiando nossas águas. Pense em nós como a guarda costeira”, explicou Sugule Ali. Enquanto atuam como uma guarda costeira pirata, os Estados Unidos disseram que não vão agir e não irão negociar com o grupo.

Conforme reportagem do New York Times, a indústria pirata na Somália iniciou há uns 15 anos para impedir a pesca ilegal no país. Com a queda do governo em 1991, não havia fiscalização e, por possuir um mar rico em atum, logo muitos invadiam para a pesca. Pescadores do país, então, atuavam como fiscalizadores e cobravam taxas. A partir daí, o esquema desandou e os pescadores somali ficaram gananciosos, tornando-se agressivos. No início de 2000, largaram as redes de pesca e empenharam armas, atacando veleiros, barcos e cargueiros das Nações Unidas com comida.

Sim, porque desde que deixaram de pescar e tornaram-se seqüestradores de barcos, os piratas somali precisam se alimentar e lutar contra a fome. “Nós somos muitos”, destacou Ali. Pensando bem, os piratas da vida real são parecidos com os do cinema, pois no fundo sentem-se como uma polícia dos mares, apesar de não ser dever deles defender as águas africanas. Mas enquanto deixarem, quem manda naqueles mares são eles.