quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Piratas africanos

Sou fã de histórias de pirata e dos filmes blockbusters da Disney, protagonizados por Johnny Depp, sobre o assunto. Mas na vida real, os piratas não parecem estar em busca de barcos fantasmas que lhe dêem imortalidade. Na última semana, piratas somali seqüestraram um cargueiro ucraniano lotado de armamentos. Segundo o líder deles, Sugule Ali, a ação foi um equívoco porque eles estavam apenas procurando dinheiro e comida e acabaram encontrando muitas armas.

Em entrevista por telefone ao New York Times, Ali disse que ao avistarem um grande navio resolveram entrar. O armamento dentro do cargueiro está avaliado em 30 milhões de dólares. Os piratas disseram que não irão negociar com insurgentes islâmicos, os quais “levam terror e caos à Somália”. Por enquanto, estão pedindo 20 milhões de dólares, mas que aceitam barganhar com um acordo. Eles ainda afirmam possuir dois ideais: impedir a pesca ilegal e manter o oceano limpo. “Estamos apenas vigiando nossas águas. Pense em nós como a guarda costeira”, explicou Sugule Ali. Enquanto atuam como uma guarda costeira pirata, os Estados Unidos disseram que não vão agir e não irão negociar com o grupo.

Conforme reportagem do New York Times, a indústria pirata na Somália iniciou há uns 15 anos para impedir a pesca ilegal no país. Com a queda do governo em 1991, não havia fiscalização e, por possuir um mar rico em atum, logo muitos invadiam para a pesca. Pescadores do país, então, atuavam como fiscalizadores e cobravam taxas. A partir daí, o esquema desandou e os pescadores somali ficaram gananciosos, tornando-se agressivos. No início de 2000, largaram as redes de pesca e empenharam armas, atacando veleiros, barcos e cargueiros das Nações Unidas com comida.

Sim, porque desde que deixaram de pescar e tornaram-se seqüestradores de barcos, os piratas somali precisam se alimentar e lutar contra a fome. “Nós somos muitos”, destacou Ali. Pensando bem, os piratas da vida real são parecidos com os do cinema, pois no fundo sentem-se como uma polícia dos mares, apesar de não ser dever deles defender as águas africanas. Mas enquanto deixarem, quem manda naqueles mares são eles.

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